O arroz italiano da Lomellina protagonista da 2ª Viagem de Estudos
Lomellina, uma área plana no norte da Itália cercada pelos rios Pó, Ticino e Sesia e um local ideal para o cultivo de arroz, foi o destino da segunda viagem de estudos organizada no âmbito do projeto Sustainable EU Rice – Don’t Think Twice (Arroz sustentável da UE – Não pense duas vezes).
Jornalistas, blogueiros, chefs e operadores do sector do arroz da Itália, França, Alemanha e Portugal foram recebidos no “Centro Ricerche sul Riso” (Centro de Pesquisas do Arroz) do Ente Nazionale Risi – autoridade nacional do arroz – em Castello d’Agogna (PV) onde, entre os dias 5 e 6 de outubro, foram realizadas muitas atividades com o objetivo de transmitir e narrar a qualidade e a sustentabilidade do arroz cultivado na Europa.
Após as boas-vindas do dr. Roberto Magnaghi, diretor geral do Ente Nazionale Risi, os stakeholders foram divididos em grupos, alternando-se em atividades de oficinas e visitas. Na sala de aula, os convidados puderam assistir a uma demonstração dos processos de transformação que, a partir do arrozal, permitem obter o arroz branco habitualmente comercializado. Em seguida, seguiu-se a ensaio de rendimento, que mede a percentagem de grãos compatíveis dentro de um lote de arroz, e a explicação das variedades de arroz italiano e seu uso na culinária. Por fim, a visita à sala de aula terminou com uma viagem imersiva no território da Lomellina e sua história, por meio da visualização de um vídeo educativo com um visualizador de RV.
Os participantes então se deslocaram para o Laboratório Químico de Commodities, onde os gestores de cada processo ilustraram como as diferentes variedades de arroz são analisadas do ponto de vista de commodities e químico. Em particular, foi explicado como são medidas as biometrias do arroz, o comprimento, a largura e a espessura do grão único, que são fundamentais para então categorizá-lo de acordo com a classificação Longo A – Longo B – Redondo – Médio; como medir o teor de amilose, útil para obter informações importantes sobre o comportamento de cozimento e mastigação do grão de arroz; como ocorre o grau de consistência e viscosidade do arroz após o cozimento; como acontece o processo de parboilização e como é feita a análise de defeitos de grãos. De facto, o arroz, por ser um produto da natureza, muitas vezes apresenta defeitos relacionados à maturação, clima, patologias, ação de insetos e também ao processo de produção industrial. Uma etapa fundamental do percurso no Centro de Pesquisas foi a visita ao Banco de Germoplasma: uma célula onde estão armazenados cerca de 1500 diferentes acessos de arroz de todas as variedades cultivados na Itália desde meados de 1800 até hoje. O banco, além de representar um património histórico inestimável, permite aos pesquisadores estabelecer melhor programas de melhoramento genético e desenvolver novos cultivos de arroz a partir de bases perfeitamente conhecidas.
O segundo dia da viagem de estudos começou com uma visita às fábricas de beneficiamento do moinho de arroz SP SPA em Stroppiana (VC), onde os convidados puderam observar de perto as etapas do processamento desde o arroz em casca até a embalagem do arroz branco. A empresa, que possui uma produção anual de cerca de 120.000 toneladas, trabalha com grande atenção à sustentabilidade, como demonstrado pelo reaproveitamento total dos subprodutos provenientes do processamento em sectores como bioconstrução (casca), pet food (grão verde), o sector da indústria alimentar humana ou animal (quebra de arroz) ou para o mundo da pecuária (palha).
À tarde, os participantes da viagem de estudo deslocaram-se aos campos junto ao Centro de Pesquisas para ver as parcelas experimentais, os campos de catalogação e assistir à demonstração das operações de corte, primeiro com a ceifadeira debulhadora parcelar e depois com aquela grande.
A viagem foi uma oportunidade para criar ligações entre os vários stakeholders do sector e aprofundar o conhecimento do cultivo de arroz italiano, incluindo momentos de convívio e degustações à base de risotos preparados com ingredientes típicos do outono, como a abóbora e os cogumelos porcini.